500 a.C., ÁFRICA
Durante sua viagem para explorar e colonizar a costa oeste do continente, Hanno o Navegador, um dos mais famosos navegadores da antigüidade ocidental, escreveu em seu diário de bordo:
Na costa de uma grandiosa selva, onde montes verdes escondem suas coroas entre as nuvens, enviei uma expedição à terra firme em busca de água potável.
Nossos adivinhos foram contra esta idéia. Aos olhos deles aquela era uma terra amaldiçoada, um lugar de demônios, abandonado pelos deuses. Ignorei estes avisos e paguei o mais alto preço.
Dos trinta e cinco homens que enviei, sete retornaram.
Os sobreviventes contaram em meio a choros e soluços uma história de monstros das selvas. Homens com presas de cobras, garras de leopardo e olhos que ardiam como o fogo do inferno. Espadas de bronze cortavam suas carnes, sem causar efeito. Eles banquetearam-se com nossos marinheiros, cujos gritos nos foram trazidos pelos ventos (...) nossos adivinhos nos avisaram sobre os sobreviventes que estavam feridos, alegando que eles trariam sofrimento a tudo que tocassem.
Fugimos para nossos navios, abandonando aquelas pobres almas naquela terra de homens-monstros.
Que os deuses me perdoem.
Como a maioria dos leitores tem conhecimento, grande parte dos escritos de Hanno é controversa e muito debatida entre acadêmicos da área de história. Já que Hanno também descreve um confronto com grandes criaturas símias que ele chamou de "gorilas" (quando os gorilas de verdade nunca habitaram aquela parte do continente africano), é possível dizer que ambos os incidentes podem ser fruto da imaginação do navegador ou de historiadores contemporâneos.
Levando isso em consideração, e ignorando exageros óbvios como presas de cobras, garras de leopardos e olhos flamejantes, as descrições de Hanno são muito parecidas com as de um morto-vivo.